quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Puerto Natales

No dia 09 de janeiro deixamos o a capital mundial do treking e do vento p/ trás e rumamos p/ El Calafate, e já na manhã do dia seguinte estávamos todos em outro ônibus que partia de El Calafate pontualmente as 8h00 com destino a Puerto Natales no Chile. Depois de alguns quilômetros de asfalto o ônibus entrou por uma estrada de rípio numa reta sem fim que parecia nos conduzir até o infinito. Intermináveis quatro ou cinco horas depois chegamos em Puerto Natales e descobrimos outra cidade ao lado de outro belíssimo lago, mas desta vez a cidade estava ainda mais próxima, e apesar do sol que brilhava o vento que vinha deste lago era muito frio. Talvez eu seja repetitivo descrevendo o vento que nos perseguiu por praticamente toda a viajem, mas acontece que era impossível esquecer ou se acostumar com este vento que não nos dava trégua. A cidade é muito simples e pobre, mas guarda seu charme interiorano. Atrás do lago algumas elevações montanhosas alcançavam as nuvens e sua beleza era tanta que eu julgava ser ali Torres Del Paine.

Corremos a cidade em busca de todos acessórios que precisávamos, e fomos encontrar tudo na famosa Casa Cecília de Puerto Natales todo o suporte que precisávamos para nossa empreitada pelo Parque Torres Del Paine com uma galera muito simpática e ponta firme, bem diferente da maioria dos profissionais de turismo que estão sempre empenhados em te esfolar até o ultimo tostão enquanto sorriem como hienas revirando o lixo. Dá para se ver que não curto muito a galera que trabalha com turismo. :)

Por outro lado, todo meu desprezo pelos profissionais de turismo as vezes me custa caro, meste caso apesar de toda minha pesquisa e planejamento o cronograma da viagem não era compatível com a disponibilidade dos ônibus para voltar do parque para a cidade de Puerto Natales e nem tão pouco para seguir de volta para El Calafate. Por conta disto fomos obrigados a reduzir em 1 dia o tempo no parque, tempo este que nos custou caro para percorrer o circuito W.

No dia seguinte partimos para Torres Del Paine em dois casais levando duas barracas, colchonetes e sacos de dormir, tudo alugado na Casa Cecília, e mais nossas roupas. Cada um carregou uma mochila de aproximadamente 18 kg, o que se revelou depois de algumas horas de caminhada demasiado para nossa pretensões de viajantes.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

El Chalten


Era manhã do dia 6 de janeiro, um domingão que prometia ser de sol, e já estávamos na rodoviária p/ pegar um ônibus para El Chalten. A grande expectativa par ver paisagens totalmente incomuns foi dando espaço a visão de um imenso planalto de plantas rasteiras em meio a muita areia e pedras. O dia ainda era claro e ensolarado, mas com a aproximação da cidade ao mesmo tempo em que surgiam ao fundo grandes cerros o tempo também mudava rapidamente. Logo ao chegar fomos recebidos na entrada da cidade por um guarda parques, que nos deu várias dicas sobre treking, sobre as trilhas, e principalmente sobre as rápidas variações climáticas, coisa que pudemos comprovar na pele.

A cidade de El Chalten é minúscula e nos dias que estivemos por ali fomos impiedosamente castigados por um vento gelado e muita garoa cuja umidade parecia se infiltrar pelos poros do corpo até atingir os ossos, e tudo isto acontecendo em pleno verão. Nosso tempo na cidade era curto então tínhamos de aproveitar cada minuto com toda sabedoria. Rapidamente preparamos mochilas e agasalhos p/ uma caminhada que deveria durar 4 horas rumo a Laguna e Glaciar Torre. Não tenho certeza mas penso que foram muito mais de 4 horas de caminhada debaixo de sol, chuva, vento, calor, garoa, frio, enfim todas as possibilidades climáticas variando sucessivamente.

Ao chegar vimos uma grande quantidade de gelo incrustada nas bases de um punhado de montanhas e rodeado por um grande lago onde pedaços de gelo flutuavam para formar uma paisagem desoladora, mas ao mesmo tempo hipnótica. Busquei um outro ângulo para ver tudo aquilo mais de perto, mas estava cansado e era tarde o bastante para começar a se preocupar em percorrer o caminho de volta antes de a noite chegar. E assim fiquei ali, por algum tempo olhando para aquilo tudo e imaginando o quanto aquela paisagem deveria mudar no decorrer de um ano. Pensava em como deveria ser o inverno, as nevascas, o inicio do degelo, e principalmente como deveria ser a vida naquele ambiente tão hostil. A paisagem era viva e estava em movimento constante, bem diferente das singelas paisagens tropicais pintadas em tantos quadros. Nosso planeta esta realmente vivo e nós somos apenas mais uma espécie entre tantas mas com uma incrivel capacidade de destruir quase tudo por onde passa graças a sua arrogância. É difícil acreditar que nosso destino como espécie será diferente da dos dinossauros.

No dia seguinte foi tempo de provar nosso entusiasmo e resistência no que se tornou um longo e molhado dia de caminhada. Acordamos cedinho e seguimos rumo a Laguna Piedras Brancas subindo por uma trilha de onde se podia ver a cidade toda rodeada por rios, lagos e cercada por altas montanhas que formam um imenso corredor de vento. Em alguns pontos desta trilha era muito difícil se equilibrar dada a força do vento.

Caminhamos até a Laguna Capri, onde já começamos a perceber que o tempo ia mudar. Talvez por conta disto a visão já era prejudica e pouca coisa legal se podia ver. Seguimos firmes em direção ao Cerro Fitz Roy mas quando estávamos nas proximidades do camping Poincenot a coisa piorou. Uma forte chuva começou a cair e mesmo com todos os acessórios p/ chuva a sensação que sentíamos não era nada agradável. Resolvemos nos abrigar, comer alguma coisa enquanto torcíamos para ao menos a intensidade da chuva diminuir, mas se abrigar onde? Tentamos nos proteger debaixo das arvores, mas isto não ajudava muito. Em pé, debaixo de um tronco inclinado de uma arvore minha mulher e eu dividimos um sanduíche de salame com queijo numa refeição muito rápida p/ não ensopar totalmente o sanduíche. Terminado o almoço prevaleceu a vontade do mais amigo mais teimoso e valente e seguimos todos debaixo de chuva rumo ao Glaciar Piedras Blancas. Depois de mais uma hora de caminhada debaixo de chuva desistimos porque a chuva não passava e estávamos totalmente desorientados em trilhas que já pareciam nos levar a lugar algum. Infelizmente não nos foi concedido o privilégio de avistar a grande vedete: Mr. Fitz Roy.

No dia seguinte, o sol brilhava mas o vento era ainda mais frio e mais forte, e ainda estávamos todos cansados e bastante mal humorados com o fracasso do dia anterior, então decidimos abrir mão da caminhada no último dia de El Chanten. Para mim isto foi muito frustrante, mas por outro lado foi ótimo passar o dia seco, abrigado do frio e bebendo vinho na companhia dos amigos.

sábado, 26 de janeiro de 2008

Chegando em El Calafate


Somos viajantes. Adorei este definição que Bertolucci utilizou em um de seus filmes para diferenciá-los de meros turistas. O viajante interage com os lugares por onde passa enquanto o turista se põe atrás de imensas janelas onde o ambiente é climatizado filmando e fotografando tudo de maneira voraz.

No primeiro dia das férias os pretensiosos candidatos a viajantes partiram de São Paulo rumo a Patagônia. Nosso objetivo era explorar o sul da Argentina e Chile, começando por El Calafate, passando depois por El Chalten, rumando ao Chile em direção a Puerto Natales e o parque nacional de Torres Del Paine e por fim saindo da Patagônia, fazer uma ligeira visita a capital portenha, Buenos Aires, antes de regressar a São Paulo. Foi uma viagem e tanto na companhia de bons amigos, e cujas emoções que consegui registrar durante a viagem tento reproduzi-las aqui neste espaço.

Ao chegar a El Calafate ao final daquele dia, após enfrentar dois vôos consecutivos tive a sensação de que estava na lua. Obviamente nunca estive na lua, mas minha imaginação me permite acreditar que ela deve ter muitas semelhanças com aquele lugar. O avião desceu numa apertada pista de pouso ao lado de um grande lago de um azul hipnotizante. Imaginei como poderiam ter permitido construir um aeroporto num pedaço de terra tão belo. O vento era intenso e muito frio tanto que mesmo antes de chegar ao hotel quase todas as malas já tinham sido abertas a procura de agasalhos.

Já passava das 21h00 e das janelas do hotel ainda víamos o céu amarelado pelo sol que no horizonte parecia começar a se preparar para se por. O céu parecia uma imensa tela azul sobre a qual a luz do sol em crespusculo espalhava todas as cores possíveis seguindo a inspiração de um artista muito ousado.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Relatos de Viagem


A ideia de fazer deste Blog um diário de viagem p/ relatar o dia a dia de nossa experiencias e aventuras pela Patagonia foi um verdadeiro fiasco, porque nos deparamos com tantas dificuldades que a falta de acesso a internet foi apenas o menor deles. Mesmo assim conseguimos tempo, e algum folego, para registrar alguma coisa em papel, muitas fotos, e sobre tudo inesqueciveis lembranças na mémoria que certamente guardaremos conosco p/ resto de nossas vidas.
A Patagonia é um lugar hostil ao homem, mas tem uma beleza bruta e encantadora, como de uma de uma bela mulher, sem maquiagem, despenteada... mas acima de tudo muito sedutora.

+ fotos

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Proximos de "Torres del Paine"

Finalmente hoje conseguimos um lugar quentinho e com uma internet descente. Esses ultimos dias foram complicados, e pelo que tudo indica, vai piorar um pouco, agora entramos na parte mais "Jungle" das ferias, chegamos ao Chile e vamos ficar acampados no parque nacional de Torres del Paine, muitos Glaciares e muitas paisagens para serem vistas. Nosso primeiro dia foi corrido, saimos de El Calafate (Arg) e viajamos por 6 horas para chegar aqui, tivemos que enfrentar a burocracia da alfandega chilena e nos atrasamos um pouco.
Chegamos com muita fome e comemos uma autentica Parrilada, fazia tempo que nao tinhamos uma refeicao tao boa assim, saimos correndo do restaurante e fomos procurar os equipamentos de camping para alugar, alugamos tudo e estamos desesperados, e curtindo muito nosso ultimo dia num Hotel limpinho e cheiroso.

Enfim temos algumas fotos disponiveis, abaixo segue algums de El Chalten e nossas trilhas, podem conferir as outras fotos no site http://picasaweb.google.co.uk/thiagopri/ElChalten, nessa trilha, pegamos 5 horas de chuva continuas, depois disso resolvi investir em boas botas impermeaveis.

Nao vou conseguir fazer o que planejava, o diario de bordo, mesmo pq, se na cidade foi dificil achar internet, imaginem no camping. Mas estou anotando tudo num caderno e passarei tudo aqui para futuras consultas. Ainda nem me adaptei nem ao teclado, por isso que nao se ve nenhum acento nas postagens. Um grande abraco e saudades, curtam algumas fotos de El Chalten:









terça-feira, 8 de janeiro de 2008

El Chalten enfim uma postagem

Se existe algum lugar proximo ao final do mundo, com certeza El Chalten pode concorrer a esse titulo, muito frio e um lugar que tudo e dificil.
Hoje foi o primeiro dia que conseguimos sentar em um lugar com internet, mas a velocidade e precaria e nao vamos conseguir postar fotos. Pensei que teriamos um infra melho, agora, acampando 5 dias, vai ser mais complicado ainda.

Mandarei mais novidades assim que possivel.

domingo, 6 de janeiro de 2008

1º Dia, de SP a El Calafate

Quase impossivel arrumar um computador aqui em Calafate.
Nosso primeiro dia foi marcado por viagens, ficamos o dia todo viajando e chegamos acabados. Num computador mais tranquilo (o dono da pousada esta querendo usar aqui) vou postar tudo, as primeiras fotos e as dicas, pois ja caimos em algumas roubadas.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Últimos Preparativos

Enfim chegou a hora, a menos de 24 hrs da viagem, agora é hora de arrumar tudo e tentar lembrar de cada detalhe para não termos surpresas.
Seguem algumas dicas de como estou me preparando para a aventura gelada:

Arrumando a mala. (Estou indo com uma mala de 75 ltrs, tipo mochilão e uma mochila normal para cameras, alimento e água).
Isso é sempre um problema, particularmente, estou tetando levar apenas o necessário, sei que as mulheres não vão seguir isso a risca, mas estou levando basicamente roupas de frio (blusa de moleton e Lã) , algumas coisas para chuva (Jaqueta corta vento e impermeável. calça impermeável) e pouca roupa de verão, pois em Buenos Aires o Sol está forte, porém, ficaremos apenas 3 dias. Toalhas e chinelo (havaianas) para tomar banho no camping. O importante é não exagerar e ir com a mala bem vazia, pois provavelmente ela voltará cheia.

Remédios.
Além dos de uso contínuo (quando se aplicar), estou levando analgésico, remédio para enjoo (dramim), Eno, pastilha para garganta, remédio para gripe, enfim, aqueles que vc está acostumado e sempre tem em casa.
PS: Já estamos tomando vitamina C (Cebion) desde a última semana.

Diversos.
Além de tudo isso, estou indo com uma camera com dois cartões de memória e duas baterias, afinal, não sabemos como será recarregar essas baterias no camping.
Não esquecer do Protetor Solar, Óculos de Sol, Luvas (não estou levando pois me incomodam muito), Manteiga de Cacau, Protetor Labial, Creme hidratante (utilizar direto, pois a mudança de temperatura entre ambientes climatizados resseca muuuuito a pele).


Por enquanto, minha lista de compra até agora é essa:
- Meias para treccking R$ 18,00 o par (Decatlhon).
- Calça Impermeável Quechua (marca própria) R$ 29,00 (Decatlhon).
- Jaqueta Náutica Impermeável e Corta Vento (lindona, dá até para sair por aqui) R$ 69,00 (Decatlhon).
- Porta dolares (pochete bem fina utilizada sob a roupa, R$ 35,00 (Centauro)

Estaremos embarcando amanhã as 07:30, a partir daí, tentaremos documentar tudo e o mais importante, listar todas as dicas, preços e roubadas (que com certeza entraremos).