segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Torres Del Paine - 2o dia - do Chileno ao Los Cuenos

Apesar deste relado cheio de empolgação que faço agora é preciso confessar que nem tudo foram flores nesta aventura. Na manhã do dia 11 de janeiro, durante nosso café da manhã foi preciso reavaliar nossos planos, pois a dificuldade que encontramos no trilha do dia anterior somado a todo o peso que carregávamos e ao tempo disponível para fazermos todo o circuito W nos preocupava, e eu já não tinha muita noção sobre o que iríamos encontrar pelo resto do caminho. Tínhamos duas alternativas: abandonar a trilha ou agüentar o tranco e seguir em frente. Obviamente prevaleceu a segunda opção, e penso hoje que foi a melhor para todos nós.

Barracas desarmadas e mochilas nas costas descemos então a primeira perna do W e nos colocamos a caminho do Refúgio LOS CUERNOS. Todos nós tínhamos consciência de que o esforço do dia anterior tinha sido somente uma pequena amostra do que íamos encontrar pela frente, mas mesmo assim, seguimos rapidamente p/ afastar a possibilidade de desistir. Cada passo na direção do LOS CUERNOS nos colocava mais próximo da perna de saída do circuito W e mais distantes do portão de entrada. Logo no começo daquele dia indaguei um sueco que vinha chegando do LOS CUERNOS sobre as condições da trilha que tínhamos pela frente, e ele me disse: Easy! Tudo pampa. Como fomos ingênuos em achar que o que era fácil para um sueco poderia ser fácil também para nós.

Mas estávamos animados, o dia era muito bonito, o sol brilhava e a geografia dos lugares por onde passamos nos protegeu do vento quase que o dia todo. Bem no meio do caminho demos de cara com o gigante lago NORDENSKJOLD, e este nos deixou tão eufóricos que por algum tempo até nos esquecemos do peso das mochilas e do cansaço. Paramos as margens deste lago várias vezes p/ tomar aguar, tirar fotos, ou somente p/ ficar olhando p/ tudo aquilo. Nem mesmo as fotos da National Geografic são capazes de transmitir beleza deste local, é preciso mesmo ver ao vivo.

Este foi mesmo um dia e tanto! Mas à medida que seguíamos em frente nossas forças iam ficando pelo caminho, tanto que ao final do dia chegou junto com o cansaço uma sucessão de subidas que pareciam não ter fim. Ao final de cada subida, e depois de cada curva, tínhamos a expectativa de avistar o refúgio LOS CUERNOS, mas este parecia não chegar nunca. Enfim num determinado ponto a trilha se abriu em duas e bem no meio uma placa indicava uma direção para cavalos e a outra para pessoas. Optei pela que me pareceu mais fácil: pessoas, mas alguns metros depois me deparei com uma descida tão acentuada que em alguns pontos quase me coloquei de quatro para me arrastar com a mochila nas costas. Fiquei imaginando se não deveria ter optado pelo caminho dos cavalos. :)

Chegando ao LOS CUERNOS armamos as barracas e depois de uma longa ducha quente (prática ecologicamente muito incorreta, eu sei), tivemos um jantar recompensador. Novamente de frente para uma enorme janela de vidro por onde se podia ver a beleza de toda região, comemos carne assada com purê de batatas acompanhado do Merlot e Carbenet Sauvignon da pequena adega que carregávamos nas mochilas. Sim, nos somos insanos! Reclamamos do peso o tempo todo e ainda assim carregamos vinhos na bagagem. :)

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