sábado, 9 de fevereiro de 2008

Buenos Aires e o fim da viagem


Buenos Aires em janeiro é muito diferente da cidade que conheci dois anos atrás em pleno inverno de agosto. Repleta de turistas p/ todo lado e o calor é mesmo insuportável. Minha primeira investida na cidade foi procurar a tão famosa Calle Florida de Borges. Em minha mente, imaginei encontrar uma rua cheia de arvores, mulheres elegantes caminhando pelas calçadas enquanto ouviam elegantes galanteios dos cavalheiros que as cortejavam, e porque não, muitas flores. Que ironia! Encontrei um grande calçadão repleto de lojas de todos os tipos, e muita gente: vagabundos, trombadinhas, turistas, mendigos, prostitutas, marginais, vigaristas, policiais, trabalhadores, profetas, todos se acotovelando e correndo de um lado para o outro se sabe lá para onde. Igualzinho ao centro de São Paulo, de Porto Alegre, de Salvador, de Santiago do Chile... Deus não fez dois lagos iguais, mas o homem faz todos os prédios, todas as ruas, e todas as cidades exatamente iguais.

Buenos Aires tem seu charme sim, conserva uma arquitetura antiga riquíssima, e tem muitas opções de lazer, mas me perdoem os amantes de Buenos Aires, ao recém chegar da Patagônia é realmente difícil enaltecer qualquer qualidade desta cidade, seja lá qual for. Depois de três dias e meio em Buenos Aires, em 19 de janeiro estávamos no caminho de volta para casa. No aeroporto, após longa espera decolamos e ainda sob a luz do dia e fui brindado com uma ultima visão de cidade agora bem do alto. Do alto nem parece tão grande, tão barulhenta, tão quente no verão. Uma ultima visão da cidade me fez pensar em quanto tempo, e quantos acontecimentos me separam de um regresso a Patagônia, a Buenos Aires, e acima de tudo se este regresso existira.

As férias acabaram e a partir de uma vaga idéia sobre o que seria a Patagônia, volto para casa cheio de lembranças sobre experiências que não me deixaram jamais. Viajar para alguns não passa de uma importantíssima fonte de renda para os que exploram o turismo, mas por outro lado tem também seu lado poético e humano. Viajar liberta a mente e te faz refletir sobre uma porção de coisas, alimenta a alma de alguns pobres que buscam algo mais da vida, mesmo que eles ainda não saibam o que buscam.

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